Quando o prematuro Cauã nasceu sua sentença de morte já estava assinada.
A falta de uma Uti neonatal em Caçapava e até mesmo de uma ambulância apropriada para este tipo de emergência reduziram suas chances de sobrevivência a quase zero.
Não foi a primeira e nem será a última vez que um recém-nascido de baixo peso sofre as consequências de um modelo que não funciona.
Nos 12 leitos da maternidade da Fusam nascem cerca de 60 caçapavenses todos os meses. Casos como o de Cauã não são comuns, mas também não são tão raros assim. A falta de recursos da cinquentenária maternidade para tratar casos mais graves chama atenção até dos mais leigos (foto abaixo).
Maternidade da Fusam não tem equipamentos para casos mais complexos
A instalação de uma Uti neonatal na maternidade implicaria numa mudança de postura das pessoas que administram a entidade. Lorena, por exemplo, que tem quase a mesma população de Caçapava possui 7 vagas oferecidas pelo Sus.
Fazer apenas o mínimo necessário para atender as exigências do Ministério da Saúde não basta. Teria que haver uma mudança de atitude. Pensar grande. A começar pelo pronto-socorro que submete diariamente dezenas e dezenas de pessoas a uma espera humilhante.
Outros municípios do país, localizados em regiões menos desenvolvidas, encamparam a luta e conquistaram suas Utis. Aqui na região atualmente existem 68 Utis pelo Sus.
| Município | Vagas |
| Caçapava | 0 |
Mesmo que Caçapava continue abdicando do direito de ter sua própria Uti neonatal, é inconcebível que não tenha pelo menos uma ambulância capaz de entregar seus bebês aos cuidados de quem pode e quer curá-los. Aliás durante as 36 horas de agonia de Cauã travou-se um intenso empurra-empurra entre gente da Fusam e do governo estadual para ver quem tinha a obrigação que fazer o transporte até Santo André.
Discussão que mostrou-se inútil. Sob 7 palmos de terra o bebê não teve nem tempo de saber quem estava com a razão. Sem entrar no mérito de dilemas burocráticos a Fusam (leia-se Prefeitura) deveria sim ter sua própria ambulância com Uti neonatal já que nem considera, até o momento, a possibilidade de ter sua própria Uti.
Uma ambulância tipo D, multiuso, com Uti neonatal, zero quilômetro, montada em um veículo Mercedes Benz, modelo Sprinter, furgão longo, com rodado duplo na traseira custa cerca de R$ 350 mil. Um valor que a prefeitura não teria nenhuma dificuldade de arcar considerando que pagou por um veículo Gol 2008, sem nenhum acessório, a bagatela de R$ 122 mil conforme documentação publicada em janeiro deste ano pelo jornal Correio do Vale.
Ambulância com Uti neonatal custa R$ 350 mil
A Marcelo e Talita, pais de Cauã, restou o consolo de saber que seu filho em poucas horas de vida foi capaz de mostrar o quanto somos incompetentes para cuidar dos nossos. A consternação geral que tomou conta da cidade também deixou claro que não adianta botar a culpa em alguém e cruzar os braços depois. Marcelo e Talita lutaram bravamente até o fim, mas para a infelicidade deles quando Cauã nasceu sua sentença já estava assinada. (Sergio Borges)












Enquanto isso a Prefeitura de Caçapava prefere comprar Gol de R$ 24 mil por R$ 147 mil, uma vergonha.
ResponderExcluirSullivan
Nosso melhor hospital ainda é a Dutra!!!
ResponderExcluirqueria ver si naum fosse a fusam o que vcs iam dizer
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