Incêndio destrói patrimônio de Caçapava

Um clima de apreensão e de de tristeza tomou conta das pessoas que assistiram hoje pela manhã o fogo consumir um dos galpões da Fazenda Esperança onde funcionava o Museu do Automóvel. Sete homens da equipe do corpo de bombeiros de Caçapava usaram mais de 20 mil litros de água e espuma para combater as chamas. Um casal que vivia no galpão há mais de 4 meses disse que o fogo começou justo na hora que eles tinham saído para buscar material para reciclagem.

Segundo o morador Hélio dos Santos, 48 anos, ele e sua mulher Patrícia estão morando no galpão desde que houve um desentendimento com a sogra. Desempregada, Patrícia disse que primeiro eles recorreram a assistência social da prefeitura. “Até hoje estamos aguardando nos chamar. E agora a situação ficou pior ainda. Só conseguimos salvar o colchão e alguns sapatos. Não temos mais nada” disse ela.
Depois que decidiram morar no galpão só usuários de drogas, ladrões de ferro e tijolos frequentavam o local. Os robustos tijolos maciços da oficina estão sendo levados há meses para a construção de residências de alto padrão. O prédio já foi praticamente todo demolido e vendido tijolo por tijolo. O ferro é extraído principalmente da Maria Fumaça que durante anos foi uma das maiores atrações da fazenda.
Carlos Mendonça, 37 anos, disse que quando era criança chegou a trabalhar como guia do museu. “Todo mundo queria tirar foto na Maria Fumaça. Vinha aqui domingo bem cedo com a minha mãe. Ela e outras moradores do bairro arrumavam a capela e deixavam tudo pronto para a missa. Depois a gente ficava por aqui recebendo os turistas, brincando e fazendo amigos. É muito triste ver como deixaram o museu se acabar desse jeito” lamentou.
Os bombeiros ainda não sabem como o fogo começou. Mas reclamaram com o morador a demora para serem acionados. “Se a gente chega um pouco antes dava para evitar que o fogo se alastrasse pelo prédio”, disse ele. O alerta vale para todos que passarem por situações desse tipo. É preciso ligar para o 193 no primeiro sinal de incêndio.
Além da comunicação tardia, os bombeiros tiveram várias outras dificuldades para lidar contra as chamas. O único carro tanque da unidade de Caçapava comporta apenas 5 mil litros de água. Tiveram que pedir ajuda a prefeitura que enviou outros dois caminhões com água. Mesmo assim o caminhão dos bombeiros teve que sair, abastecer de novo, e voltar para o local do incêndio.
Segundo um bombeiro, o plástico para reciclagem depositado no galpão, derreteu formando uma camada sólida que impedia que a água chegasse até o fogo. Foram 4 horas de trabalho intenso para por fim as chamas.